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4 de jan. de 2010

"Lula: o filho do Brasil"


Assistimos Lula: filho do Brasil(eu, Dani e meus sogros). Foi muito legal olhar algumas vezes para o lado e perceber dois ex-operários do ABC reagindo a uma trama que viveram. Ao sairmos do cinema, minha sogra disse e meu sogro confirmou: "O filme é bom, mas as greves foram muito mais dramáticas".
Ambos participaram das paralisações de 1978-1979 e a lembrança que possuem é uma mistura de grande preocupação com o salário do mês (foi uma greve longa) e com absurda violência policial contra os trabalhadores.
Ambos aspectos ficam em segundo plano no filme.
Alías, até o momento não vi nas telonas qualquer tipo de esforço em tentar "retratar" a vida cotidiana de milhões de trabalhadores e trabalhadoras ao longo da Ditadura Militar. Na verdade, e isso talvez seja uma lacuna em minha formação, nunca li qualquer trabalho historiográfico que tratasse desta temática.
Quanto à violência da polícia, da polícia política e dos militares das três forças existem películas e farto material escrito . Todavia, estas obras se restringem ao universo da elite intelectualizada (jovens estudantes, militares dissidentes, artistas, padres ligados à Teologia da Libertação, etc) e à uma pequena parcela politizada dos trabalhadores (pequena para não dizer nano).
Tal quadro é muito perigoso, sobretudo quando nos atentamos para a memória coletiva dos mais velhos e principalmente dos mais jovens. Parte do primeiro grupo é saudoso do "tempo dos militares" , supostamente tempo de ordem, respeito e patriotismo. Já para os mais jovens a Ditadura é simplesmente desconhecida (é isso que vejo na escola em que trabalho) ou valorizada.
Como explicar uma possível valorização? Arrisco dizer que a estética da violência, que inclui a fetichização da farda e machismo, aliada às enormes dificuldades do "mercado de trabalho" (eta expressão gasta!!!) são fatores fundamentais para compreender a atração exercida por militares junto a boa parte da juventude.
Continua...
Continua....

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