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5 de jan. de 2011

Discurso e prática: a década do professor


Acabei de escutar uma fala do ministro da educação, Fernando Haddad. Mais uma vez afirmou que o centro das políticas públicas na área é a valorização do professor. Para Haddad, iniciamos a década do professor. Ultimamente venho notando que este discurso toma conta do cenário público. Ao conversar com colegas, percebo uma certa resistência em crer que iniciativas reais de aumento de salário e condições de trabalho serão colocadas em prática. Não sou tão pessimista. Em minha opinião, existem duas propostas muito claras na atualidade.
Uma, presente na Rede Estadual de São Paulo e em incubação no estado do Rio de Janeiro (http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2011/01/04/plano-para-melhorar-ensino-nas-escolas-publicas-fluminenses-criticado-pelos-professores-923418437.asp), prioriza a questão do mérito e de resultados. Atingindo metas e comprovando a "competência", o professor ganha bônus e/ou aumento real no salário.
Outra foi implementada aos poucos pelo MEC na gestão 2003/2010 e, esperamos, será na gestão 2010/2014. O principal desafio é reconstruir uma categoria profissional que foi dilacerada ao longo dos anos 1980 e 1990. Profissionalizar o ofício docente significa sobretudo estabelecer salários dignos, o que começou com o estabelecimento do piso nacional. Piso, aliás, que deve ser reajustado progressivamente.
Haddad e boa parte da centro-esquerda hegemônica apenas se atentam à realidade: como exigir que os educadores respeitem metas, superem expectativas, se não recebem salários minimamente humanos?
Pergunta: e os dirigentes sindicais? Discutem estas questões com o professorado?

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